Inflação para as famílias mais pobres supera 10% nos últimos 12 meses

Inflação preocupa e COPOM deve aumentar novamente a taxa de jurosA sensação de que tudo está mais caro não é apenas uma impressão geral que as famílias brasileiras têm em relação às suas necessidades básicas, como alimentação, energia ou medicamentos. Trata-se de um dado objetivo, que mostra que a inflação para as famílias mais pobres cresceu em agosto, mais uma vez, em ritmo mais forte do que para as famílias mais ricas.

É essa realidade que mostra os cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgados nesta quarta-feira (15). No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação da população de renda muito baixa até média-baixa chega a dois dígitos, ou seja, superior a 10%.
Em agosto, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que a inflação das famílias de renda muito baixa e de renda baixa avançou 0,91%. O que mais contribuiu foi a alta dos alimentos que são mais relevantes na cesta básica. Assim sendo, a inflação dessas faixas de renda acumula alta de 10,63% e 10,37%, respectivamente, em 12 meses.
Por sua vez, a inflação das famílias de renda alta apresentou aumento de 0,78% no mês. Para os mais ricos, a inflação acumulada em 12 meses é de 8,04%. Isso porque a essa parte da população sente menos a alta dos alimentos, além de ter menor pressão por preço de serviços.

Alimentação foi o vilão das pessoas mais pobres

Os dados do Ipea confirma a impressão que as pessoas sentem cada vez que vão fazer compras nos supermercados. Há dados numéricos bem objetivos que mostram que sim, tudo está mais caro. A metodologia adotada mediu a variação de preços de uma cesta de produtos considerada mais essencial e consumida pelas famílias brasileiras.

Para as famílias com menor renda, mesmo diante d deflação em itens importantes como arroz (-2,1%), feijão (-1,7%) e óleo de soja (-0,4%), os aumentos de preços das proteínas animais. Frango (4,5%) e ovos (1,6%) aumentaram nesse período.

Outros itens, como a batata (20%), do açúcar (4,6%) e do café (7,6%) explicam a pressão inflacionária que vem dos alimentos.

Mas os alimentos não estão sozinhos entre os produtos que inflacionaram a ponto de afetar mais agudamente os mais pobres. O transporte, sobretudo em virtude do aumento dos combustíveis( 2,8% da gasolina e de 4,7% do etanol) também contribuíram. Junto com isso, houve aumento nos preços dos automóveis novos (1,8%) e dos serviços de aluguel de veículos (6,6%).

O estudo completo do Ipea sobre a inflação por faixa de renda pode ser lido aqui.

Perda de poder de compra

Com os aumentos de vários produtos, o resultado óbvio é a perda de poder de compra pelas famílias brasileiras. Descontada a inflação, os R$ 1.100 do salário mínimo de janeiro são o equivalente, hoje, a R$ 1.038, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima