Covid 19: periferias registram maior número de óbitos em BH

Na última quarta-feira (09), na cidade de Belo Horizonte, o boletim sobre a pandemia de Covid 19 apontou que bairros de periferia lideram as estatísticas de mortalidade. De acordo com o boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde da capital mineira, o bairro Lindeia, na região do Barreiro, lidera essa triste estatística com 24 mortes. Com outros 21 óbitos aparecem os aglomerados Cabana do Pai Tomás, na região Oeste, e o Alto Vera Cruz, na região Leste. O Alto Vera Cruz aparece também entre os bairros com maior número de casos confirmados. Com efeito, ele é o único da periferia de Belo Horizonte nessa lista, liderada por bairros Buritis, na região Oeste, e Castelo, na região da Pampulha, ambos bairros de classe média. Trata-se de indício de grande subnotificação nos bairros periféricos da cidade.

Até a última quarta-feira, Belo Horizonte tinha 36.351 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, além de 1.079 mortes. Com efeito, a taxa de ocupação de leitos públicos e privados de UTIs exclusivos para aqueles pacientes com a Covid 19 estava em 51,1%. Sublinha-se que esse número já esteve próximo dos 90%. Já o percentual de leitos de enfermaria destinados a pacientes com a mesma doença era de 46,8%.

A tendência de concentração maior de mortes nas periferias não é exclusividade de Belo Horizonte. Em estudo divulgado no último dia 31 de agosto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), essa relação entre pobreza e maior número de mortes pela pandemia aparece também no Rio de Janeiro. De acordo com o estudo, até o final de março de 2020, a parte mais rica da cidade (Índice de Desenvolvimento Social, IDS, 5) concentrava cerca de 50% dos casos, enquanto a mais pobre (IDS 1) concentrava 11%. Contudo, a letalidade nos bairros de IDS 1 e 2 registrou 45% das mortes, ao passo que as de IDS 5 chegaram a 21,6% dos óbitos.

Subnotificação e fatores de risco explicam a diferença

O estudo do Ipea aponta para algumas causas possíveis do maior número de mortes acontecer nas periferias. Apesar de apresentar dados referentes ao Rio de Janeiro, alguns dos fatores apresentados podem ser pensados também noutras cidades. O menor acesso a serviços de saúde é tido como um fator central. Juntamente a isso, aparece o número menor de testes disponibilizados a essa parcela da população. Esse fator indica forte subnotificação, o que também aponta para a possibilidade concreta de os números serem ainda maiores. Não obstante, a população de áreas menos desenvolvidas também é mais exposta a fatores de risco de contaminação, como transporte público precário, muitas pessoas morando em espaços pequenos e a necessidade de voltar ao trabalho precocemente devido à falta de políticas públicas nesse sentido.

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